quinta-feira, junho 30, 2005

Música Do Coração: Don't Stop Believin'

(Journey)
Just a small town girl
Livin' in a lonely world
She took the midnight train going anywhere
Just a city boy
Born and raised in South Detroit
He took the midnight train going anywhere

A singer in a smoky room
The smell of wine and cheap perfume
For a smile they can share the night
It goes on and on and on and on

(chorus)
Strangers waiting
Up and down the boulevard
Their shadows searching in the night
Streetlight people
Living just to find emotion
Hiding somewhere in the night

Working hard to get my fill
Everybody wants a thrill
Playin' anything to roll the dice
Just one more time

Some will win, some will lose
Some were born to sing the blues
Oh, the movie never ends
It goes on and on and on and on

(chorus)

Don't stop believin'
Hold on to that feelin'
Streetlight people

terça-feira, junho 28, 2005

Texto: Decepção

(Cida Villela)
Suave, serenamente,
Eu hoje acordei poesia.
Passei o meu dia versando você,
Olhava em seus olhos,
Distantes dos meus,
E a cada olhar,
Por demais atento,
Brotavam, em pensamento,
Versos que seriam seus.

Então desejei amar você.
Juntar palavras a te definir.
Mas antes que eu conseguisse
Definir-te em versos,
Com um simples gesto,
Mero falar,
Conseguiste de súbito
Meus versos quebrar.

Literatura Século XXI, Editora Blocos, 1998 - Rio de Janeiro, Brasil.

Texto: O Náufrago Na Sua Ilha (Deserta?)

( in "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares)
Ainda agora estiquei o braço na direção da prateleira alta da estante, para tirar o livro que é meu (que sou eu?).
Ainda agora abri o livro e comecei a ler. Mas já encontrei isto, sublinhado:

"Dois, três dias de semelhança de princípio de amor...
Tudo isto vale para o esteta pelas sensações que lhe causa. Avançar seria entrar no domínio onde começa o ciúme, o sofrimento, a excitação. Nessa antecâmara da emoção há toda a suavidade do amor sem a sua profundeza - um gozo leve, portanto, aroma vago de desejos, se com isso se perde a grandeza que há na tragédia do amor, repare-se que, para o esteta, as tragédias são coisas interessantes de observar, mas incómodas de sofrer. O próprio cultivo da imaginação é prejudicado pela vida. Reina quem não está entre os vulgares.
Afinal, isto bem me contentaria se eu conseguisse persuadir-me que esta teoria não é o que é, um complexo barulho que faço aos ouvidos da minha inteligência, quase para ela não perceber que, no fundo, não há senão a minha timidez, a minha incompetência para a vida."

segunda-feira, junho 27, 2005

Enfim...

... a vitória da realidade agridoce sobre a perfeita fantasia! Confesso que, por uma fração de segundos, cheguei a acreditar que o Universo conspirava genuinamente a favor da minha felicidade. Então compreendi que esse transitório intervalo não passou de uma total incapacidade de distinguir as ubíquas divergências da Vida, especialmente entre o corpo e a alma. Antagonismo. O corpo é incompatível com a alma, definitivamente. Tal como a razão e o coração. Rivais desde os primórdios. Assim, o corpo dispensa a essência; a alma é nutrida por ela. O corpo reage à visão; a alma vibra à emoção. O corpo deseja recompensa; a alma é doação. O corpo goza; a alma reluz. O corpo é movimento; a alma, sentimento. O corpo adormece; a alma percorre o infinito. O corpo critica; a alma enobrece. O corpo coage; a alma desobriga. O corpo alucina; a alma sublima. O corpo é paixão; a alma é puro amor. O corpo é assassino; a alma, salvadora. O corpo peca; a alma perdoa. O corpo caça; a alma une. O corpo ignora; a alma reconhece. O corpo fere; a alma é cura. O corpo urge; a alma é paciência. O corpo tudo quer, mas a alma nada pede. O corpo é fim. E a alma recomeça. Sem pressa. E espera. Tudo de novo...

sábado, junho 18, 2005

Texto: Um Amor Impossível

(Angela Melim - para Márcia)
Amanhã
este fogo cresce.

Amanhã, tremor
Amanhã, suspiro.

Insiste
um amor impossível
amanhã.

Insiste,
sim.
Um amor impossível pode ser amanhã.

Mais Dia, Menos Dia, Editora Sette Letras, 1996 - Rio de Janeiro - Brasil.

Texto: A Arte De Ser Feliz

(Cecília Meireles)
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas, todas as manhãs, vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gostas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água qua caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Texto: Quando Chegar...

(Martha Medeiros)
Quando chegar aos 30
Serei uma mulher de verdade
Nem Amélia nem ninguém
Um belo futuro pela frente
E um pouco mais de calma talvez

E quando chegar aos 50
Serei livre, linda e forte
Terei gente boa ao lado
Saberei um pouco mais do amor
E da vida quem sabe

E quando chegar aos 90
Já sem força, sem futuro, sem idade
Vou fazer uma festa de prazer
Convidar todos que amei
Registrar tudo que sei
E morrer de saudade.

Poesia Reunida, L&PM Editores, 1999 - Porto Alegre, Brasil.

Música Do Coração: I Will Crumble

(by Hewitt Huntwork)
If you want to sleep,
I'll pull the shade
If you should vanish,
I'm sure to fade
If you should smoulder,
I'll breathe in your smoke
If you should laugh,
I'll smile and pretend that I made the joke

And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is to say

If you should sink,
I don't want to swim
If you lock the door,
I'll back to come in
If you should sing,
I won't make a sound
If you should fly,
I'll curse the ground

And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is to say...
I will crumble, I will crumble
And I will crumble

If you are an explosion,
I won't search for shelter
If you are the sun,
I'll sit here and swelter
If you are the moon,
I'll stay up all night
If you are a ghost,
I'll be hunted for life

And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is just say...

I will crumble, I will crumble
And I will crumble
I will crumble, I will crumble
I will crumble, I will crumble
I will crumble, I will crumble

Erika Christensen and Mike Vogel - from the soundtrack "Wuthering Heigths"

terça-feira, junho 07, 2005

Texto: Sonhar De Sonhar

(Mariza Fontes de Almeida)
Gostaria de sair caminhando
por aí,
entre notas musicais,
sozinha, olhos fechados, sonhando...
... em sonhar cada vez mais!...
Gostaria de, no meio da escala,
encontrar-te assim, de repente,
e que as notas
te dissessem tudo o que sente
essa caixa de rimas sem jeito,
da forma precisa de um coração,
que me bate louca dentro do peito!
E que, depois de tudo te falar,
cantasse, numa linda canção,
todo esse acorde de amores
que guardei para te dar!...

Terra Molhada, Edição do Autor, 1960 - São Paulo, Brasil.

domingo, junho 05, 2005

Texto: Poema Da Amante

(Adalgisa Néri)
Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
Desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

quinta-feira, junho 02, 2005

Música Do Coração: Eu Sei Que Vou Te Amar

(Tom Jobim)
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.