Rio de Lástima
Passava pouco das sete. Angustiada, acordei com o choro de uma moça, embaixo da janela do meu quarto. Ela ia e voltava. Remexia o lixo. Praguejava. E chorava. Um choro amargo, doloroso. Um choro de solidão. De fome. Ia e voltava. Sentava. Cansada de não viver. De repente, levantou-se e seguiu em direção a um carro no estacionamento. Parou. Tirou o que parecia ser uma caneta dos cabelos, e cruzou os olhos com o seu reflexo no vidro. Por um momento, achei que... Não. Ela apenas arrumou os cabelos maltratados, ajeitou os trapos sobre o seu corpo magro e sujo, e fitou-se. E novamente chorou. Um choro de não-me-reconheço. Um choro seco da falta de afeto. Choro só. E, naquele exato instante, pude ver um rio de lástima em forma de ser humano, esquecido, e úmido da negligência do mundo...
8 compartilhando!
a maioria de nós não consegue chorar
não consegue se dar conta do vazio de dentro e de fora
nosso rio de lástimas está sempre vazio, pois os lençóis freáticos dificilmente vêm à tona.
muita dor
muita
dor....
Beijos, Nanna...
nossa. a moça é o próprio retrato da desesperança.
muito bom :*
O mundo e seus contrastes..... nele cabe do sorriso a lágrima salgada... e a nós ??? Nem me atenho a saber..... nem me acanho em dizer, que simplesmente prefiro não saber.
Um belo e doloroso escrito....
Agradecendo sua passagem em meu blog.
Um abraço,
Aerodrama.
há dores que atravessam olhares, cortam almas,
e vêm assim, nos mostrar o quanto somos fracos, e que para mudar isso, devemos fazer mais.
Lendo seu texto, senti essa necessidade de ser mais.
Loviu!
:*
, o chorar de solidão desaba em qualquer um, a qualquer momento.
|beijos meus|
e quase ninguém é capaz de perceber...
Texto triste. Real. O triste choro de só estar...
Bjs.
Gostei disso!
Há beleza no olhar triste da moça...
;**
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