segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Boa Sorte

Ensaio as mortes. Uma de cada vez. Cada uma a seu modo. Todas muito especiais. Precisas. Muito pensadas, às vezes. Ora sonhadas, ora executadas. São mortes bem peculiares. Minhas próprias mortes. Morte de uma mocinha inconsequente, mimada e dona da razão, para o surgimento da mulher corajosa e independente, repleta de fé e esperança. Morte de uma filha-mãe para o despontar da filha-e-ponto. Morte de uma universitária relapsa para o renascer da profissional competente e responsável. Morte de uma menina-passado para o raiar da mulher-futuro, que faz da vida seu enorme e imensurável presente. Mortes minhas. Mortes indispensáveis. Incansáveis. Inevitáveis. Mortes queridas. Sofridas. Consentidas. Nova vida a cada morte. Boa sorte pra toda vida!

sábado, fevereiro 19, 2005

Manual De Instruções

Nós deveríamos ganhar uma espécie de manual de instruções ao nascermos. É verdade!
No cabeçalho, viria um breve porquê do nosso surgimento. Aquela historinha de cegonha, blá blá blá, ou outra qualquer... Em seguida, seria explicada a palhaçada de termos que sair do aconchego uterino, gritar, espernear e, ainda por cima, nus. Tudo bem, porque o trauma maior nos é dado na infância propriamente dita. O manual ajudaria a prestarmos mais atenção ao que acontece nessa época pra não termos que pagar por todos aqueles anos de terapia no futuro. É, rapaz... É nesse período que são arraigadas as idiotices cometidas quando nos tornamos adultos. Quer dizer, só poder ser!
Seria ensinada a melhor maneira de lidar com a adolescência, também. Viriam escritas as respostas para todas as perguntas que nos fazemos nessa idade, e começaríamos a aprender sobre a vida. Seríamos alertados a respeito das imbecilidades que praticamos enquanto adultos. Teríamos vááárias e infindáveis lições a respeito do ser humano, a propósito. Aprenderíamos a decifrar suas atitudes, a descobrir as suas intenções, a controlar nossa fértil imaginação...
Descobriríamos que ouvir os primeiros conselhos de nossos pais não é tão chato assim e que, através deles, conduziríamos a história bem melhor. Saberíamos que a vida é cheia de encruzilhadas, antes mesmo de passar por elas. O manual traria a elucidação de todas as dúvidas que surgem no decorrer do caminho: o por quê de termos parentes sem noção, empregos horrorosos, falta de dinheiro, capacidade de engordar tomando água, insônia, e por aí vai...
Seguindo as instruções, conseguiríamos enxergar todas as possibilidades, todas as opções, e saberíamos acertar nas escolhas. Seriam desenhadas todas as portas e o que contém cada uma delas. Não nos questionaríamos tanto a respeito do mundo. Não teríamos medo de fracassar. Não nos extenderíamos em pensamentos. Não ficaríamos perdidos. Não nos sentiríamos órfãos. Não seríamos infelizes...
E, no final, estaria escrito que, por pior que possa parecer, e por menos tempo que tenhamos, sempre existirá a possibilidade de mudança. Sempre haverá uma outra (nova!) chance. E teríamos tudo explicadinho ali, no manual. Como sobreviver, como nos defender, como partir pro ataque, como ter paciência, como encontrar a saída. Ou, simplesmente, como viver...

domingo, fevereiro 13, 2005

Morte Matada

A morte nada mais é do que metamorfose.
Passagem.
Ponte entre o antes e o depois.
Presente.
Período breve de escuro.
Decisão.
Transforma tormento em esperança.
Renascimento.
Morri de morte matada.
Necessidade.
Eu carecia de fôlego.
Coragem.
Era uma questão de Vida.
Semente.
Fiz minha escolha.
Emoção.
Sou guerreira de fé.
Contentamento.
Traçando meu caminho.
Felicidade.